quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ensaio a sépia


Ó pastora, ó pastorinha,
Que tens ovelhas e riso,
Teu riso ecoa no vale
E nada mais é preciso.

Fernando Pessoa


Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...

Alberto Caeiro


Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Mário Quintana

sábado, 22 de agosto de 2009

O beijo de Klimt revisitado

O beijo de Klimt, pintor austríaco, é possivelmente um dos quadros mais conhecidos do mundo:

fonte: Wikipedia

Ontem surpreendi-me com este outro beijo, não de Klimt, mas como se o revisitasse. Num movimento inverso, de ascensão, ela toma a iniciativa e ele acolhe com carinho a ternura:

O Beijo

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O espírito da Terra do Nunca

A Terra do Nunca não deve ter sido tão lembrada como agora, com a morte de Michael Jackson.  A evolução do seu rosto, da sua “capa”, a fascinação pela criança que foi e cujo espírito deixou escapar com a transformação não só física, mas também e, principalmente, psicológica, leva-nos a reflectir se a Terra do Nunca não seria uma máscara para esconder a dor de perder a criança que não soube gerir, do lado infantil que não soube desenvolver.  A criança Michael morreu em Michael e o sorriso natural de outrora não conseguiu resistir às transformações.   Never Land de Peter Pan renasce ao escolher as crianças que fomos, alertando-nos, enquanto fábula, que podemos continuar crianças cá dentro.  Basta construímos a terra prometida nos nossos pensamentos, actos, vontades, espíritos.

E agora sabe-se que, afinal, não irá para a Terra do Nunca: Michael Jackson não será levado para Neverland

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Página em branco

É um lugar comum.  A vida é uma página em branco.  Somos responsáveis por aquilo que construímos, pelas escolhas e arrependimentos que fazemos, atempadamente ou não.  Tenho por hábito não dar demasiada importância aos erros e correcções, mas à vida, ao presente e ao futuro, ao que está por vir, fazer, concretizar, tornar realidade.  A possibilidade é uma página em branco.  A vontade é nosso pincel, pronto a colorir de acordo com nosso espírito, nosso mood.  Em ritmo de homenagem, lembro os que contribuíram para que minha vida fosse diferente e que já não estão cá.  Eles também deixaram impressões nos meus dias e lembro-me do que construíram como incentivo a que faça cada vez mais.  A vida é assim: hoje é o velório e amanhã, a festa, o renascimento. Viva a vida!  Viva a possibilidade!  Viva as cores por colorir, em páginas em branco!

O olhar de uma criança

foto: Wikipedia

Parte da minha adolescência, quando Thriller foi lançado e comprava meus primeiros álbuns em vinil.  Prefiro guardar este olhar, quando tudo começou…

domingo, 14 de junho de 2009

Pés


Algures entre o disparar do engenho da máquina e a vontade de uma criança, ficam os pés desfocados do pai.

Almoço de Domingo

O prato, depois de preparado, ficou tão “gourmet” que merecia uma foto:

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Já agora… foi coxa de peru com ervilhas e cenouras bebés. Foi.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Senhora da Hora, a cidade

Hoje foi aprovada pela Assembleia da República a elevação de Senhora da Hora a cidade. A vila da Senhora da Hora, freguesia do Conselho de Matosinhos, alcança, assim, o estatuto de cidade já há muito desejado e merecido. Com cerca de 33.000 habitantes e 20.000 eleitores, a vila possuía ainda os equipamentos colectivos mais do que necessários para a sua elevação a cidade.

Público: Portugal tem cinco novas cidades e 22 vilas

Jornal de Notícias: Conheça as novas cidades de Portugal

Agora, somos SENHORENSES!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

CR no RM & outras histórias

Não ligo nada à futebol, por isso, minha opinião é tendenciosa e inútil, visto que faço parte de uma pequena minoria.  De qualquer forma, acho importante expressar uma opinião sobre o que já virou polémica até mesmo entre os amantes do futebol:  o valor elevado da transferência de Cristiano Ronaldo (CR) para o Real Madrid (RM).

Os pilares de uma carreira bem sucedida: esforço, dedicação, motivação, comunicação e claro, gostar do que se faz.  Isto aplica-se a tudo, inclusive ao futebol. Facto:  CR tem uma carreira bem sucedida e acredito ter todos os pontos acima muito bem trabalhados.  Facto:  O RM tem orçamento para investir no que acredita ser um retorno garantido, seja pela prestação futebolística de CR ou pelo marketing envolvido.  Então porque a polémica?  Desde sempre temos como adquirido que o desenvolvimento dos cinco pontos referidos acima são proporcionais ao que se ganha.  Mas não é só.  Existe um sexto componente que dita uma sobrevalorização dos anteriores: nós.

Nós ditamos parte deste sucesso.  Nós, os consumidores, somos os que aquecem os Media com as suposições, factos e histórias naturais ao sucesso de uma carreira futebolística.  Somos os responsáveis pela sobrevalorização no mundo mediático.  Somos os bastidores, aqueles que suportam os custos para que todo este processo ocorra e evolua.  Sendo assim, e para uma melhor democratização e distribuição de riqueza (lá estou eu a ser utópico), não seria bom que reflectíssemos porque gostamos tanto das mesmas coisas que o nosso vizinho?

A identidade é nata, a acção deve ser reflectida, mas o coração e a mente manda-nos seguir pelos caminhos que respondam aos nossos anseios de PERTENÇA.  Afinal somos todos humanos!  Mas isto já é outra história…

sábado, 6 de junho de 2009

Reflexão, cidadania e direito

Estou em reflexão, não exactamente as costumeiras pré-eleitorais, que exigem não se falar sobre a opção de voto, qual quarta-feira de cinzas ao contrário.  É ao contrário que faço a minha reflexão sobre o não ir votar, ao fazer um anti-voto ao silêncio da cidadania, em resgate do direito conquistado ao longo da história sócio-política da democracia. Neste contexto, amanhã acordo cedo e vou votar, pensando naqueles que lutaram por este direito e negando a inércia que, apesar de descontente, prefere a abstenção à possibilidade de mudança.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Dias sim e não

Há dias assim.  Em que pensamos pela manhã, a caminho do trabalho, nos nossos filhos, imaginando-os a brincar no infantário, no dia mundial da Criança, e sorrimos.  Chega a hora do almoço, vamos ao restaurante da esquina e vemos o noticiário sobre o acidente do Airbus A330-200 da Air France, e entristecemos.  Há dias assim, dias sim e não, dias de vida e morte.  Que a vida prevaleça na esperança de uma nova manhã.

domingo, 31 de maio de 2009

O anzol da nostalgia

Esta canção transmite-me tanta nostalgia, que me leva a reflectir o que são raízes.  Enquanto brasileiro nato e português de escolha, a cultura de um povo parece-me mais afectiva que biológica.  Enquanto alguns apregoam que a biologia deve prevalecer sobre a afectividade, prefiro ressaltar o quanto esta última é importante, através do simples sentimento de gostar nostalgicamente de uma canção que não vivi (vim para Portugal em 1994 e Anzol nasceu pelos Rádio Macau em 1987, no álbum O Elevador da Glória):

Two versions of the same song V

Carole King wrote Will You Love Me Tommorrow with Gerry Goffin on 1960 and she sang it herself only on 1971’s album Tapestry, one of my favorite albuns.  This version is a live one from Carole King:

On his 1993’s album Taxi, Bryan Ferry covered this song.  The following version is also live by Bryan Ferry:

domingo, 17 de maio de 2009

Comptine d’un autre été

Je suis là, perdu au milieux de quelque chose. Le blanc et le noir sont là aussi, j’écoute la musique, triste et belle, comme une plume sur la mer du feu. Le piano dit à moi que la chose la plus triste ce n'est pas soufrir, mais n'avoir pas de la chance à sentir.

L’homenage possible à la grandiosité de la musique d’Yann Tiersen au film Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain.

sábado, 16 de maio de 2009

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ella

Com seu doce sussurro de jazz em meus ouvidos, Ella fascina-me. Nada melhor para um fim de noite:

domingo, 10 de maio de 2009

Uma festa a um santo de um lugar

Quiosques de peruanos, indianos e portugueses com produtos chineses.  Farturas, pipocas, cachorros, algodão doce.  Música pimba, carrosséis com canções distorcidas e aos berros.  E crianças, muitas crianças, a sorrir e a acenar radiantes para os pais igualmente felizes.

domingo, 3 de maio de 2009

Mãe

De tão simples palavra, nasce o mundo.  Tua força cria cidades, tua coragem alimenta esperanças, tua experiência ensina os sábios, teu amor embala os líderes.  E equilibras força, coragem, experiência e amor com toda a simplicidade, porque não precisas demonstrar o que fazes, apenas fazes.  Por isso, hoje não é teu dia, são todos, este e os outros, quando és simplesmente mãe.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Lisboa, Lisbon, Lisbonne, Lissabon

Lisboa revisitada - impressões registadas sob o olhar de quem já viveu por esta terra banhada pelo mar e pelo Tejo:

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Terra de contrastes - a imponência do prédio e o olhar do mendigo

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Terra de contrastes – a modernidade em rede com o antigo

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Arquitectura que chama um olhar simétrico

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Simetria contígua

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A urbanidade do Terreiro do Paço

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O triunfo em forma de arco

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Sob o portal da Rua Augusta

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E depois de atravessá-lo, a caminho do Rossio

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Fonte no Rossio (Praça D. Pedro IV)

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Teatro D. Maria II

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Convento do Carmo visto do Rossio

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Armazéns do Chiado, memória do fogo e tradição comercial

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Descontracção e tradição no Café A Brasileira

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Lisboa e o Tejo vistos do miradouro do elevador de Santa Justa

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Lisboa e o Castelo de S. Jorge vistos do mesmo miradouro

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Detalhe da porta do elevador de Santa Justa

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A arte nos azulejos

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Ruínas do Convento do Carmo, memórias do terramoto de 1755

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Detalhe do palácio nacional de Belém

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Mosteiro dos Jerónimos

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Entrada do Centro Cultural de Belém

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Doca de Belém, a ponte 25 de Abril e o Cristo Rei (Almada) ao fundo

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Alma portuguesa, Torre de Belém

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Ao fundo, o mar e o Tejo encontram-se e a terra principia

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Bracara Augusta revisitada

Uma nova visita à Braga trouxe-me outros pontos de vista:

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E ao cimo da escada, o comboio urbano de volta para o Porto.

domingo, 26 de abril de 2009

Ponte para o céu

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A caminho de Leça da Palmeira, a nova ponte móvel sobre o porto de Leixões. A barreira e o semáfaro não impedem que meu olhar a acompanhe em direcção ao céu.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

25% tuas

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Estas mãos são 25% tuas.  Escondo os dedos, de unhas roídas, não por vergonha, mas para simbolizar este elo entre o que viveste e o que deixaste.  Tu continuas em nossas memórias, e como vês, és parte de nós.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Mindelo canta comigo o Porto

Azulejos do Porto

 

Mindelo de Cabo Verde, Mindelo de Vila do Conde, Mindelo do Porto.  Mindelo canta comigo o dia em que vi Portugal, o dia em que nasci nesta lusofonia, na emigração que leva o canto e espera o cais, no porto da língua, no Porto do Norte.  Passei por Gaia, Maia e Matosinhos.  Rodei-te Porto, fiz-te de ponte, de passagem, de rima.  Admiro-te e canto-te com a língua em outras terras, porque da tua voz saem caminhos para a palavra, como Mindelo pode ser uma freguesia de Vila do Conde, uma cidade da ilha de São Vicente, um desembarque que tomou a ti e que fez-se na Praia da Memória.  Levo-te as águas desta palavra, que escutei na limpidez da voz dos Madredeus, li no curso, na geografia e na história das terras de Portugal, e que escrevi no leito deste Portus Cale virtual.

domingo, 5 de abril de 2009

O segredo da praia do Bar Azul

Há dias publiquei um post sobre a praia do Bar Azul, agora revelo um segredo sobre este papel digital chamado blog…

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Há coisa melhor do que ver duas crianças a correr na areia da praia?

Edifício Transparente

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Aberto em Junho de 2007, após requalificação do arquitecto português Carlos Prata sobre projecto original do arquitecto catalão Manuel de Solá-Morales, o Edifício Transparente foi incialmente pensado para a Porto 2001, capital européia da cultura.  Ontem tive a oportunidade de o conhecer melhor, por ter tido como mote um almoço no Cufra Grill.  Para além da francesinha e dos finos, um espaço agradável, uma porta de entrada para o Parque da Cidade, uma janela para o mar.

sábado, 4 de abril de 2009

Pavilhão da Água sob três planos

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O Pavilhão da Água nasceu para a Expo 98 em Lisboa, Portugal.  Integrado no tema “Os oceanos: um património para o futuro” da exposição, este pavilhão foi posteriormente instalado no Parque da Cidade do Porto em 2002.  O Pavilhão é uma porta para o Parque, não somente por estar junto aos seus limites, ao lado da Estrada da Circunvalação, mas também porque valoriza uma das maiores riquezas que sustentam o próprio parque: a água.