segunda-feira, 26 de maio de 2008

Tristeza do Mundo

Escuto Ayla, introspecto, mergulhado nos ritmos eletrónicos, quase sem a presença da voz humana, onde sons digitais dançam ao redor de um outro mundo, algures entre a inconsciência e a criatividade.  Tenho a tristeza do Mundo a meus pés, no calcanhar que era de Aquiles, bola de chumbo que me leva ao centro da Terra, na incandescente concentração de toda a força gravitacional.  Vejo o sismo na China, combustíveis e comida a aumentarem por especulação, guerra, fome, inveja, poder e frustação.  Meus pés estão imóveis.  A força que tenho para quebrar as âncoras (não as que lanço, mas as que me ancoram), concentro-as na escrita, em pegajoso choro em palavras pela tristeza do Mundo.  Enquanto o ambiente eletrónico do trance parece afastar minha mente desta realidade, continuo a escrever em uníssono, no ritmo desta força, contentora da dor que teima em permanecer invisível nesta face incrédula, envelhecida, de olhos vermelhos de cansaço.  É certo que é preciso acreditar, acender o lume do futuro, mas confesso que estou desapontado e hoje apetece-me sofrer com o Mundo.  Amanhã será outro dia.

Sem comentários: