Cai a noite de domingo sobre Matosinhos. De um dia de sol a caminho da primavera, com o mar ao fundo, toma conta desta Quinta Seca o silêncio. Alguns carros, o helicóptero do Pedro Hispano, os galos e o ferro dos trilhos do Metro quebram periodicamente a sinfonia temperada do teclado do computador e do som que soa como um zumbido. Há muito não escuto noites tropicais, de silêncio acompanhado pela música dos grilos. Este zumbido da noite lembra-me os grilos, mas sei que é apenas sugestão do pensamento. Escolhi a Quinta Seca há quase dois anos, um oásis no meio da cidade que me apaga a sede de silêncio, como um Bairro Peixoto da Senhora da Hora. Tenho sede desta Quinta Seca, tal como tenho sede do Bairro Peixoto. Embalo a rede, não posso parar, tamanha a sede.
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