sexta-feira, 4 de abril de 2008

Duro mundo, Drummond

Olá Drummond,

Desculpa-me tratar-te por tu, mas acho que o que tu fazes não tem idade. Sou um aprendiz digital a um aprendiz analógico e tu és o mestre, O mestre. Faço das minhas tuas possíveis palavras, apenas, como se fosse possível...

Quando morreste já eu era nascido, meus pais pensavam no futuro, como qualquer emigrante.

Hoje meus pais pensam no presente, como qualquer um é, ou como qualquer um que não é, mas é onde não deve ou quer ser, mas acaba por ser.

Ou como alguém que quer ser mas não consegue e viaja e descobre que pode ser o que nunca foi onde nunca pode ser o que queria ser? Será que é difícil compreender? Não. Apenas poetas percebem que o mais comum, o mais banal, o mais corriqueiro, o mais real, o mais humano, o mais simples, o mais pequeno ponto, é pura poesia, é o silêncio do fado de Portugal, é o silêncio do cantar o hino do Brasil, é o universal, é tudo, é nada. és tu, sou eu, é a árvore da rua, o baobá de além mar, a floresta de araucária, folhas caducas, outono, inverno, primavera e verão. duro mundo, mas sempre drummond.

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