terça-feira, 29 de abril de 2008

Sinto falta

Da sandes de presunto com o vinho verde da aldeia

Do sol de inverno à beira da janela, a olhar o campo de milho

De ver minha avó paterna com a foice a cortar a erva

De tocar a superfície congelada da água do tanque

Do céu estrelado da madrugada, sem poluição

Do sofá que ficou vago quando meu avô materno foi dormir

Do pão-de-ló húmido que como na Páscoa

Da lareira acesa e do fumo que cura os chouriços

Das tardes de piquenique na Senhora da Mó, da família reunida

Das pedras parideiras, da neve do inverno da Serra da Freita

Do banco que meu pai fez quando era criança

Das paredes de pedra da casa dos meus avós paternos

Do chão de madeira com buracos

Sinto falta

E cá divago no passado, perto e longe de Arouca.

2 comentários:

Tuki disse...

Algumas dessas coisas agora só vivem na tua/nossa lembrança (o avô materno, o ambiente antes da desintegração familiar na casa dos avós paternos...). Outras ainda são possíveis de apreciar (o pão-de-ló... )ou preservar (o banco de madeira feito por uma criança - e não um jovem - quando era um pequeno aprendiz de carpinteiro). Gostaria que os filhos desse menino carpinteiro se empenhassem desde já em preservar esse banquinho, pelo imenso valor afetivo. Senão ele corre o risco de ir para o lixo, numa reforma da casa feita pelos futuros proprietários. (Isto ocorreu com objetos, para mim preciosos, dos meus avós...)

Antonio Soares disse...

Obrigado, já corrigi para criança.