sábado, 8 de março de 2008

Pai

Há pais coruja, pais que trabalham demais, pais que dormem à tarde, pais que só pestanejam, pais com coração mole, daqueles que choram quando viajamos.  Meu pai é tudo isto e é mais, ele é o único ser que conheço que é capaz de viver exclusivamente pela família.  Com seu ar simpático, conquista pela simplicidade, falando de seu maior prazer, do que em qualquer casa portuguesa fica bem, sobre a mesa.  Sobre a mesa em que ficam os sonhos que transformam a farinha em pão, o princípio da sua vida.  A família cresceu e emigrou, reafirmando, mas no sentido contrário, o que já ele próprio havia feito, e também destes nasceram outras realidades, outras redes, além-mar.  A vida que nasceu do pão, e que alimentou a família, alimenta a própria vida, num ciclo que justifica-se a si próprio, como está numa simples palavra, o texto que muda o mundo, pai.

1 comentário:

Tuki disse...

Filho, imagina a minha alegria ao ler uma mensagem tão bela sobre a afeto e o trabalho - o pão do dia-a-dia. Imagina o que sentirás quando a tua/nossa menina escrever um texto assim maravilhoso para ti, um dia. Obrigado. Papai