Escuto Ayla, introspecto, mergulhado nos ritmos eletrónicos, quase sem a presença da voz humana, onde sons digitais dançam ao redor de um outro mundo, algures entre a inconsciência e a criatividade. Tenho a tristeza do Mundo a meus pés, no calcanhar que era de Aquiles, bola de chumbo que me leva ao centro da Terra, na incandescente concentração de toda a força gravitacional. Vejo o sismo na China, combustíveis e comida a aumentarem por especulação, guerra, fome, inveja, poder e frustação. Meus pés estão imóveis. A força que tenho para quebrar as âncoras (não as que lanço, mas as que me ancoram), concentro-as na escrita, em pegajoso choro em palavras pela tristeza do Mundo. Enquanto o ambiente eletrónico do trance parece afastar minha mente desta realidade, continuo a escrever em uníssono, no ritmo desta força, contentora da dor que teima em permanecer invisível nesta face incrédula, envelhecida, de olhos vermelhos de cansaço. É certo que é preciso acreditar, acender o lume do futuro, mas confesso que estou desapontado e hoje apetece-me sofrer com o Mundo. Amanhã será outro dia.
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