Um dos enigmas da morte mais paradoxal é o dia-a-dia. Causa-nos confusão o corpo que falta, as palavras que não serão ditas, a expressão do rosto que não mais veremos. Esta falta não é saudade, não é desespero, nem tristeza, é simplesmete a falta, como chegar em casa e perceber que não há mais janelas, nem portas. Este vazio criado do que fazia parte do nosso dia-a-dia e que não nos dá retorno, tão simples como a repetição de um gesto, faz-nos confusão e é a partir deste momento que se inicia outra morte, mais lenta, metafísica, desta vez complexa reaprendizagem, entre a presença e a ausência.
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1 comentário:
Escreves lindamente sobre a ausência, a falta. Fazem-me falta, muita falta (lembro-me do título do belo livro de Inês Pedrosa, fazes-me falta), o meu querido pai, que fez a grande Viagem há cinco anos, e a Amiga fulgurante, que acabou de partir. Ambos, cada um a seu modo, fizeram um inesquecível percurso na sua passagem aqui na Terra. Por isso vivem em mim, vivem em nós. Como sementes férteis de luz.
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